É bem comum você ver as pessoas reclamando de clichês, e não vou negar Wasabi (2001) é um filme cheio de clichês. Mas não é o clichê que estraga um filme, é como eles são usadas na história.
Wasabi usa os clichês de forma clichê (irônico né!)? Sim eles os usa! E isso atrapalhou o filme? Não, nem um pouco. Eu diria que é exatamente o clichê e a despretensão que me fez gostar desse filme, e claro um pouco de nostalgia.

História
Hubert Fiorentini (Jean Reno) é um policial francês que apesar de ser muito competente, ele possui métodos peculiares para resolver seus casos (espancado e matando meio mundo). Após uma dessas interpeladas ele é forçado pelo seu chefe a tirar férias.
É neste momento que o Japão entra na história, o filme nos mostra que além dele ter uma personalidade complexa (rs) ele é um sujeito ressentido com um amor do passado que o abandonou em uma missão no Japão à quase 20 anos atrás.
Pois bem, do nada ele recebe uma ligação de um juiz japonês dizendo que sua amada foi encontrada morta e que deixou pra ele toda a sua herança, a bagatela de 200 milhões de dólares… e ainda tem mais, chegando ao Japão ele descobre que não foi só dinheiro que ele herdou, mas também um filha de 19 anos a poucos dias de completar a maioridade.

Daqui pra frente obviamente veremos a relação dele com a filha, afinal ele precisa cuidar dela por apenas dois dias, até ela completar a maioridade e pra poder enviar o dinheiro pra conta dela, porém ele fica desconfiado, de onde veio tanto dinheiro? Porque a mãe dela me abandonou? Porque eu nunca soube que tinha uma filha?
Temos uma história clichê de fato, onde ele vai esconder que é o pai de verdade da moça pra no fim ela descobrir sozinha. Não é spoiler, Wasabi não é um filme com uma história cheia de reviravoltas, ou plot twist, tudo que acontece é claro desde a primeira cena e até mesmo na sinopse, mas é a forma com que as coisas acontecem que fazem o filme ter um certo charme.
E gente se passa quase todo no Japão, impossível eu não gostar rs.

Uma comédia de ação
Wasabi já deixa claro o seu propósito logo na primeira cena, onde vemos o Hubert Fiorentini (Jean Reno) entrando em uma boate e descendo um soco na cara de uma mulher, o que por si só já seria controverso. Mas ainda “piora” na verdade ele socou um travesti que fazia parte um gangue de travestis que assaltava bancos.
Como é um filme de comédia tudo beira o politicamente incorreto, nos dias atuais daria muito mimimi, mas gente é uma comédia bem despretensiosa (como todo o filme), não existe piadas de fato muito pesadas e nem teria problema se tivesse, aqui não nos ofendemos com piadas. Como por exemplo na piada com wasabi (inclusive é a cena que dá nome ao filme).
Durante sua vigem ao Japão, Hubert Fiorentini (Jean Reno) para em um restaurante para comer, eis que do nada é servido uma porção cheia de wasabi. Seu amigo o avisa, cuidado que isso é muito “picante”, mas do nada ele começa a comer e não sente nada, seu amigo resolve comer e quase morre. É uma cena simples de comédia pastelão, mas super engraçada, ele usa o estereotipo do policial “mal” com o policial “bobão” para criar um momento divertido e leve, ao mesmo tempo que nos prepara para a cena de ação final.

Existe também um cena dentro um Game Center que é muito boa, Yumi Yoshimido (Ryoko Hirosue) que ainda não tinha descoberto que o Hubert Fiorentini (Jean Reno) era seu pai e muito menos um policial, convida ele para ir se divertir com seus amigos. Lá ele é desafiado por amigo em um vídeo game de tiro.
A cena além de ser bem engraçada, prepara a gente (assim como a cena do wasabi) para a próxima cena de ação, vemos o garoto jogando pra depois ver a mesma cena de tiros no mundo real (até os ângulos e local onde os bandidos aparecem são os mesmos).
E tudo é feito de uma forma despretensiosa, afinal é um filme relativamente simples, com cenas simples, piadas simples (embora algumas hoje talvez soassem politicamente incorreta pra algumas pessoas). O fato de não ser um filme que usa o Japão para ficar mais “estiloso” é um grande trunfo do filme. O Japão não está ali como fetiche, é apenas um lugar como qualquer outro.

Um filme controverso?
Por falar em fetiche, preciso falar da Yumi Yoshimido (Ryoko Hirosue) a filha do Hubert Fiorentini (Jean Reno), ou melhor da forma com que as pessoas enxergaram ela. É comum você ver por aí, que existia uma certa tensão sexual entre eles, o que seria problemático afinal estamos falando de uma menor de idade e de pai e filha.
Mas eu nenhum momento eu senti isso (e veja bem, não teria problema se tivesse eu não julgo a moral de um filme), Yumi é tratada de formar super respeitosa, bem como eram as garotas de 19 anos no Japão. O quarto dela inclusive é cheio de referência à cultura japonesa da época, é um filme de 2001 então o quarte dela é cheio de adesivos do Smap, da Misia. Se você já curtia o Japão nesse época, vai se deliciar com as referencias encontradas no quarto dela.
Ela não é sexualizada, a relação dos dois não é sexualizada. Inclusive quando o amigo do Hubert insinua que ela é uma moça bonita, ele logo é repreendido, afinal Hubert é o pai dela. E falando no amigo dele, é um dos melhores personagens do filme, o ator Michel Muller por si só já é engraçado parado, e as cenas deles pareciam ser improvisadas, impagável.
Ok Doug, mas vale a pena?
Despretensioso, nostálgico, Wasabi sabe usar os clichês de uma comédia de ação a seu favor. E entrega um filme simples e divertido. Um ótimo filme pra ver num domingo a tarde com a família (desde que ela não se incomode com piadinhas duvidosas rs).
Trailer
Onde assistir Wasabi (2001)?
Eu assisti Wasabi (2001) a muitos anos na Globo, mas da pra ver ele de graça no Youtube (vou colocar aqui em baixo pra você rs).
Alguns filmes podem não estar mais disponíveis no catálogo dos serviços de streamings e nem a venda, mas estou sempre atualizando os links… então fique sempre de olho.

Gênero: Ação, Comédia.
Direção: Gérard Krawczyk.
Elenco Principal: Jean Reno, Ryoko Hirosue, Michel Muller, Carole Bouquet, Christian Sinniger, Alexandre Brik, Jean-Marc Montalto, Véronique Balme.